terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Agradecimento ao tempo



O tempo está sendo gentil conosco. 

O que se passou - e não volta mais - foi bem aproveitado. Cada sorriso dado com os lábios tão abertos que é irônico como a tristeza não conseguiu entrar. Cada lágrima derramada como se o mundo fosse acabar naquele agora. O agora que agonizou e depois o agora que trouxe a paz. 

O tempo está passando depressa: talvez tenha sido sempre assim e só agora começamos a sentir essa sensação pulsante de estarmos sendo puxados com força rumo ao futuro. É evidente a necessidade de perceber que o tempo está passando e nossa vida já começou a ser escrita faz tempo.

O tempo ensinou que, na verdade, o amor é mais forte do que se pode imaginar. Com todos os clichês misturados, o tempo passa e mostra que qualquer sentimento bobo fica cada vez mais bobo quando comparado ao amor de um pelo outro.

A memória trabalha duro para armazenar aqueles momentos que queremos guardar, que o tempo levou com ele e deixou lembranças para nos confortar de que, embora o tempo passe, novas histórias sempre acontecerão para preencher qualquer vazio que possa ter ficado para trás. Existirão novos velhos sorrisos, abraços, olhares cheios de amor. 

Mas o tempo continua passando. Te amar continua sendo fácil, seu colo cheio de aconchego. O tempo mostra novas e lindas maneiras de ser feliz com você. O tempo está passando, mais depressa, devagar ou do mesmo jeito. Quero ficar todo tempo contigo. E a cada passada de tempo, tenho mais certeza de que ele está sendo gentil conosco. Para ser sincera, acho que o tempo torce pelo nosso amor - e por todos os nossos sonhos. 

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Eu sei que você é o meu amor


Eu acredito em cada pedacinho de você. Acredito que quando a gente tá feliz, o sol brilha mais forte ou a chuva cai mais bonita. Acredito que seu sorriso iluminaria a caverna mais profunda e escura. Eu acredito no amor de verdade quando escuto seu coração bater, do seu peito pro meu ouvido. Acredito na alegria de bagunçar seu cabelo. Acredito na paz de brincar com seus dedos. Acredito que seu abraço é tão bom que esquenta minha alma. Acredito que, se eu fechar os olhos, só vai existir eu e você no mundo todo. Acredito que o seu suco de abacaxi com hortelã é o melhor de todos os sucos de acabaxi com hortelã. Acredito em todas as besteiras inventadas que você diz com voz de quem está dizendo a verdade, e depois sorri me chamando de boba. Acredito em seus sonhos. Acredito quando você diz que eu consigo. Acredito na sua preocupação comigo. Acredito na sensação ruim que cresce no meu peito quando penso que algo ruim pode acontecer à você. Acredito na beleza quando vejo seu olhar. Acredito na vida quando a sensação de infinito quando estou com você preenche meu coração. Acredito em cada pedacinho de você, meu amor. Acredito em nosso amor. Acredito em nós.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Ser normal, ser louco. Onde está a divisa do natural para o patológico?

Os considerados loucos já foram tratados como possuidores de conhecimentos cósmicos e então, expulsos das cidades; já tiveram sua razão duvidada por serem contrários à regimes de determinada época; e então passaram a ser recolhidos e privados de sua liberdade por apresentarem os mais variados tipos de "loucura". Quem diagnostica? Os patrões, os vizinhos, os delegados, os políticos, os próprios pais. 
Pessoas tímidas, epiléticas, feias, magras, gordas, negras, bravas, bêbadas, detentoras de segredos, foram internadas em lugares hostis, chamados hospícios. Elas eram inadequadas à um convívio social. Foram internadas como loucas, como doentes mentais, e, devido às condições em que eram tratadas nesses lugares, acabaram se tornando realmente doentes. Bom, os que não morriam de fome, frio, infecções, torturados, ou de algum resfriado qualquer. 
Seres humanos eram submetidos à uma vida privada de condições realmente humanas. Como esperavam que saíssem dali gente com comportamento de gente, com vontades de gente, com pensamentos de gente? Seres humanos tinham sua comida preparada no chão. Seres humanos dormiam nus em cima de capim em pátios descobertos no frio da cidade gelada. Os corpos congelados eram recolhidos pela manhã e vendidos para universidades com aulas de anatomia.  Seres humanos levavam eletrochoques e morriam. Seres humanos bebiam o esgoto que passava pelo pavilhão em valas abertas para saciar a sede. Seres humanos não tinham mais família, amores, ou uma vida minimamente digna. 
A loucura era tudo aquilo que não condizia com os padrões de uma sociedade que queria se ver livre de quem poluía as ruas cheias de gente bonita. 
Então, mais uma vez, onde está a divisa do natural para o patológico? E, talvez mais importante ainda, quem faz esse diagnóstico?
A loucura como uma doença e não uma palavra em vão deve ser tratada, medicada e controlada, para que esses casos de verdadeiro descaso com a natureza viva não aconteçam mais. 




Bibliografia recomendada: Holocausto brasileiro, de Daniela Arbex. Conta a história do hospício de Barbacena, o Colônia. 



quarta-feira, 4 de novembro de 2015

escrito de um coração cheio de amor




olhar um
voz sua
toque cada
dia todo
parecia me
completo
amor de
resto do e
beijo o
cheiro o
jeito o
respiração a
curva a
queixo seu do
letra sua
vírgula sua
rima sua
poesia você
vida minha
amasso te
amasso me e
abraço te e
viro te
avesso do
você sinto
você quero
amo te
leio eu
olhos seus
vejo e
alma sua
é você
lindo
visita me
sonhos nos
pensamento no
desejo no
cada em
momento
ficar faz me
feliz
paz em e
é sorte
você ter
beijar te e
ver e
seus os todos
sorrisos
seu o, ah
!sorriso

?comigo sempre fica

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

amando



Da minha caneta escorre amor.

Colore o papel branco de linhas azuis com todas as cores da felicidade.

Deixa de ser folha para ser plano de fundo da nossa história – como o céu se transforma no cenário para a lua brilhar. História que não segue os padrões da escrita: possui começo, meio, sem fim.

Você faz todas as palavras soarem como declarações de amor.

Você faz as dúvidas se esvaírem em certezas e as demasiadas preocupações diluírem-se em leveza.

Te escrever me faz enxergar o amor que pulsa dentro do meu peito: ele é lindo como você.

A lua – eu já disse que acho a lua a maior e mais bela poesia que Deus deixou na natureza? – está sobre mim agora, quase completamente cheia e emitindo aquele brilho tão intenso contra a escuridão. Eu penso nas vezes em que costumamos parar e ficar contemplando toda essa beleza, juntos.

As luzes da cidade estranha na minha frente se misturam num borrão sob meus olhos desfocados. Enxergo o seu rosto sorridente, aquele que você exibe nos momentos mais especiais. São meus momentos preferidos. Eu amo quando você veste aquele sorriso que faz os cílios ficarem mais perto um do outro.

Estou escutando aquela música animada que você coloca no rádio do carro, e sorrio ao escutar sua voz bem baixinho cantando ela junto comigo. Abro os olhos, e você não está aqui. Mas você sempre vai estar dentro do meu coração. 

quarta-feira, 8 de julho de 2015

só pra você saber



Pensei em escrever para você: só consegui sorrir.
Aqueles sorrisos de gente boba e encantada com a vida em si. A vida passou a ser mais linda quando você chegou. 
Minha alma, por gostar tanto de escrever, estava precisando de um novo ânimo. De inspiração. De você.
Eu te precisava. E preciso sempre.
Um texto por dia. Não é tanto quando se pensa em alguém durante todo o tempo. E tanta coisa acontecendo paralelamente!
Viver intensamente é assim. Estou aprendendo, muito obrigada.
Coração bate na boca, no pé, no seu ouvido. Bate assim porque te sente. Ele é o primeiro a dar sinais de loucura quando você chega. Coração não sabe disfarçar. Me entrega a ti, e todos os meus sentimentos. 
Já são seus os meus sonhos. 
Sai pela garganta e pelos poros o meu desejo de te ter. É quase palpável minha vontade de estar perto e te abraçar. 
De todos os sorrisos, o seu é o que mais ilumina. Me ilumina (desculpe pela possessividade aqui).
Gosto quando vejo seu rosto do ângulo de quando o meu queixo está apoiado em seu peito, e seus cílios formam um desenho lindo. 
Minhas mãos gostam das suas. Eu confio no julgamento delas. 
A felicidade  pediu passagem por aqui: abri a porta para ela, tranquei, e te dei a única chave

-que não tenhamos um final, assim como esse escrito-




sexta-feira, 26 de junho de 2015

Um verso e tudo mais



Nada você me pediu.
Me descobriu. 
Facil, leve, descompassado como há muito -ou nunca- eu vivi.
Tomou café comigo e conversou sobre a vida.
Dois sorrisos e as diferenças.
Você faz mágica.
Carinho na ponta dos dedos.
Confusão de pensamentos e não pensar em nada.
Olhar inquisitivo sem ser pressionador.
Abraço que abriga. 
Beijo que esquenta.
Palavras que acreditam.
É tempo de felicidade.
Ensina-me a ter pressa e eu te ajudo a ser mais cauteloso. 
Me deixe olhar em seus olhos e mostrar minha alma. 
Entenda as palavras ocultas em toda a minha falta de coragem. 
Sorria para mim.
Sonhei com você e o dia acordou com minha música preferida.
Desembarasse os fios do meu medo.
E me abrace.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

vem e vai e volta


Eu já tive cálculo renal. Pedra nos rins, para ficar mais fácil.
Foi simples: era domingo, e eu, domingando como sempre, acordei e a dor lancinante não me deixou mais dormir por uns cinco dias. Quiseram me cortar achando que se tratava de apendicite. Eu cheguei a me entregar pensando que havia um motivo para a intensidade daquela dor. Não me vejam como dramática. Não sabiam o que eu tinha e nenhum remédio amenizava a minha dor por mais de uma hora - era a hora em que eu esperava que não voltasse a agonizar. Mas então ela voltava e eu não tinha mais posição para ficar. Veio a internação, dias com remédio na veia, enfermeiras medindo a temperatura regularmente e exames indicando que uma minúscula cristalização de oxalato de cálcio estava entupindo meu ureter direito. 
O ponto que quero chegar é que, quatro meses depois, eu não me lembro da tal dor que me deixou hospitalizada e entregue. Posso recordar-me que era bem forte, do quanto eu me senti mal, mas por mais que eu aperte o rim ou o que quer que seja na parte inferior direita da barriga, não chega nem perto do que senti. E quantas vezes isso acontece na nossa vida. Quantas vezes estamos apenas nos baseando em uma memória falha que vai se embaçando ao passar do tempo e mostrando apenas tentativas de sentimentos, que na verdade estão muito longe de ser como os reais. E nós acreditamos nessas ilusões. Nos prendemos à elas com braços e pernas e o resto do corpo. Quanto maior a superfície de contato mais verdadeiras as lembranças nos parecerão.
As ilusões da dor. 
Uma dor teatral, que saiu de cena, mas deixou o espectador com a emoção impregnada no peito. A dor que não é capturada num sorriso dado para uma foto.
A dor ilusionista. Essa que faz a gente ficar triste por se apegar às coisas boas que vieram antes dela, mas que acabaram. Ela entra no lugar do que um dia foi luz, e vira escuridão. Faz a gente acreditar que só vai existir a dor. Ela não deixa a gente ver que embora os caminhos tenham mudado, a ordem vai se restaurar. Essa transição não deve ser uma coisa má. 
Mas um dia você se levanta e não sente mais a dor, e é como se tudo tivesse sido um sonho ruim. Você se dá conta de que os momentos em que ela esteve presente se foram, e tudo o que ficou foi a marquinha na mente que vai te alertar sobre ela. Tudo vai ser um aprendizado e você vai saber se prevenir da próxima vez.
Você não deve deixar a dor entrar ali de novo. A luz está de volta.  
Eu expeli a minha dor e agora bebo, em média, dois litros de água por dia. 


terça-feira, 24 de março de 2015

Volte sempre


Foi fácil saber que você estava chegando.
Soube assim que decidi acordar. Sim, eu acordei quando quis, e não quando os cachorros determinaram que já era hora de começar a latir freneticamente para o sol saindo por detrás do horizonte.
Levantei-me calmamente e olhei-me no espelho. As olheiras com as quais eu fui dormir na noite anterior haviam desaparecido milagrosamente.
Abri as janelas e vi que a temperatura estava ideal para que eu pudesse usar minhas botas favoritas.
Dei bom dia para o céu e fui tomar um banho. Preciso dizer que não tive que, pacientemente, esperar até que o chuveiro resolvesse me presentear com água quente: ela já estava me esperando assim que girei a torneira.
O vidro de suco de abacaxi ainda tinha a medida exata de um copo quando eu já estava resignada a preparar alguma outra coisa para beber e me atrasar novamente para sair de casa.
Já caminhando, a brisa tocou levemente meu rosto e eu senti cheiro de tulipas. Lembrei-me de quando eu era criança e o vento bagunçava meu cabelo quando a aventura de subir bem alto com o balanço parecia jogar meu estômago nas nuvens.
Como sempre faço em momentos de folga da minha mente, comecei a imaginar tudo o que ainda iria acontecer ou não no futuro. Essa minha paranoia teve que esperar, porque hoje, nesse momento, escutei ao longe tocar a música da minha vida. Passei o resto do caminho cantarolando baixinho, imaginando que todas as pessoas a minha volta ficariam mais felizes se cantassem o que as fizesse bem.
Passei o dia todo com o coração feliz. Eu disse que comi mousse de maracujá na sobremesa? Sim, seu doce que acabou por se tornar o meu.
Indo embora, passei na livraria e o livro que eu tinha encomendando finalmente chegara. Já podia ver as várias marcações que faria nos melhores trechos.
Entrei em casa e senti cheiro de você.

Foi muito fácil saber que você estava chegando. 

sexta-feira, 20 de março de 2015

o que o tempo não levou


Hoje o dia está escuro. A escuridão, a falta de luz. 
Hoje me lembrei de você, e de como também haviam dias assim para nós.
Revivi na memória momentos em que te vi sorrindo e seus olhos se comprimiram, os cílios enormes formando um desenho engraçado. Ali, eu estava em paz. 
Quis contar que escrevi à você há muito tempo, e então as palavras do coração passaram a me soar banais. Foi quando decidi parar de tentar te trazer de volta. 
Pressenti a dor, a solidão, mas não pude deixar de surpreender-me com o fio se rompendo assim tão abruptamente. O fio que parecia tão resistente naquele abraço de dia preguiçoso, onde eu podia sentir sua respiração ofegante de quem está com medo da vida.
Olhei pela janela e vi o dia querer sorrir. 
Eu tinha que parar com essa mania de oscilar entre o passado e o presente, e ainda querer controlar o futuro.
Eu tinha que enxergar as nuvens se abrindo e um filete dourado se espremendo para iluminar o céu. 
Eu tinha que querer ser como o filete dourado e entender que as coisas podem mudar, eu aceitando ou não. O que não quer dizer que se entregar ao agora deve fazer com que o futuro seja ignorado.
Mas toda a nossa falta de planos acabou por moldar o fim.
O fio se rompe.
E não sobra mais nada.